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30 de janeiro de 2012


E depois de longas voltas pelo quarto, andando para lá e para cá como se estivesse procurando uma saída de emergência; depois de várias doses de café amargo; depois de várias tragadas enquanto andava e goleava o café, descobri a origem do nosso problema.
Descobri o que nos trouxe até aqui. O que nos fez chegar aonde chegamos. Não sei bem onde estás nesse exato momento, mas sei onde estou, e é bem longe de ti. Sinto essa distancia dentro de mim, seu valor não é muito preciso, mas algo me diz que são muitas as milhas que nos separam.
Olho para a janela, e por um misero minuto te vejo na calçada, sentada no banco de ferro pintado de madeira. Por um misero minuto penso que tu voltaste para mim… Engano meu.
Um dia me disseram que nada é para sempre. Disseram-me que com o tempo as coisas vão perdendo a cor; o sol vai se pondo, o dia amarelado vai se tornando cinza, branco… Preto. Olhe para mim! Sou a prova disso. — posso sentir meu sangue em preto e branco. A falta das cores me corta por dentro. Minhas mãos me cortam por fora.
Isso tudo por causa do nosso problema. Pequeno detalhe que separou nossas vidas. Que a fez parecer um café quente esquecido sobre uma cabeceira fria; a cabeceira esfriou o nosso amor. Qual o nosso problema? — você deve estar se perguntando agora, do mesmo jeito que me perguntei durante todos os dias que ficamos separados. A diferença é que eu achei a resposta.
Ela estava bem em baixo do meu nariz e talvez seja por isso que não a conseguia ver. Coisas desse tipo não são vistas, são sentidas. Eu senti, você não. A sua insignificância para comigo me destruiu por dentro. Picou-me em pedaços que foram jogados em um roseiro cheio de espinhos.
Afastei-me. Sumi. Tranquei-me em um quarto. Comecei a viver a minha realidade. Comecei a me relacionar com as pessoas que criei em meu mundo. Eu te troquei por um quarto escuro e opressivo e mesmo assim senti a sua falta lá, senti falta da cor que você costumava me trazer. Do café forte que costumava fazer… Do sorriso que você dava assim que me via. Senti falta das tardes amarelas das quais costumávamos sair para tomar um sorvete enquanto olhávamos os pombos comendo as migalhas de pão caídas do chão.
Mas eu sei. Você não irá voltar. Não irá sentir a minha ausência se eu não anuncia-la. Esse é o nosso problema. Eu fiquei esperando você sentir a minha falta. Esperei você me procurar, me chamar, me gritar… Mas sua boca continua fechada. Não escuto sua voz desde que parti. Eu sinto a sua falta, amor, mas como sempre estou esperando você sentir a minha.

Faz um tempo que não escrevo nada pra ti… Acho que tudo que está relacionada a você me retém. Embaralha meus pensamentos de tal forma, que me esqueço de tudo que um dia aprendi; esqueço-me de todas as letras e palavras que já li. Você tem o poder de deixar-me ébria a qualquer momento, sem eu nem ter posto uma gota de álcool na boca. Deve ser por isso que quando estou contigo sou tão estúpida e sem graça; deve ser por isso que estraguei tudo que já aconteceu entre nós. O teu cheiro me entorpecer e tua voz me excita. Só a sua existência me deixa mais viva, querido.
Antes de começar a rabiscar nesse papel eu procurei lembrar-me de tudo que um dia vivemos, conversamos, falamos e discutimos. Eu abri a sua pasta que guardo aqui na minha mente e, de início, sorri. Erámos tão ‘nós’ meu amor e agora somos apenas dois corpos e almas separados. Somos apenas ‘eu’ e ‘você’… Eu aqui e você aí.
Eu senti sua falta por muito tempo e a sinto até hoje, mas parece que ela está se esmaecendo aos poucos… Com isso descobri que nem tudo é pra sempre; descobri que o tempo cura, sim, muitas feridas; descobri que apesar de eu estar te esquecendo, eu sei que o seu cheiro e seu sorriso vão sempre ficar cravados em mim.
Algumas coisas vivem para sempre, como o amor. Apesar de altos e baixos ele nunca morre… E eu sei que o que senti por ti nunca irá morrer, por mais que eu tente mata-lo. Por mais que a distancia vá o rasgando aos poucos. Por mais que você vá se afastando de mim.
Eu escrevo como se estivesse bem, mas na verdade eu não estou. Eu tento disfarçar a minha tristeza, algumas vezes eu consigo e outras vezes ela se torna forte demais para ser disfarçada. Não tem como tampar um buraco inteiro com um simples sorriso… O buraco sempre vai estar oco e vazio. Sempre irá ter alguém gritando para sair dele — eu — mas o eco que sai não passa da minha boca. Ele sempre se prende aos meus lábios e evita uma saída. Evita um grito externo.
Você sempre soube que meu orgulho consegue ser maior que a minha saudade e mesmo assim não fez nada. Doeu-me te ver indo embora; doeu-me te ver traçando outro caminho longe de mim. Perdi-te. Perdi meu coração. E perdi o meu sorriso. A única coisa que me sobrou foi a esperança de que dias melhores virão para mim e para você. Eu continuo te amando, como sempre te amei e sei que, talvez, você sinta o mesmo, mas eu desejo que passe. Pois me doeria mais saber que seu coração está doendo por está amando alguém tão estupida como eu.

Sinto-me culpado por te deixar ir embora assim tão fácil. Mas admito meu coração não doeu, nem palpitou ao te ver sair. Ele simplesmente se conformou com a sua ida. Talvez, às vezes ele sinta falta dos seus carinhos e das palavras bonitas que costumava pronunciar, nada além disso. Mas ainda sinto ciúmes de ti, mesmo estando longe e não estando mais contigo me dói o coração te ver com outra pessoa. Dói-me ver que é tão fácil para ti me trocar. Então eu me afastei, porque enquanto no meu mundo só existia você, no seu existia eu e mais milhares de pessoas.

16 de janeiro de 2012


E ela enchia seu peito de flores. Com todo cuidado do mundo jogou uma sementinha e a regou por muitos dias. Seu sorriso aumentava assim que sua semente crescia… Ela criou raízes fortes, grudou-se em seu peito como um recém-nascido gruda-se no colo da mãe. A semente cresceu. Virou uma flor. E essa flor começou a pesar. Exigia muita água e muito sol. Seu peito não aguentava mais. Suas raízes profundas lhe causavam feridas. Sugavam suas forças; despetalavam seu coração. Suas folhas murcharam e suas pétalas caíram carregando sua alma. […] Já haviam lhe avisado que amor não se planta, muito menos no peito… Disseram-lhe também que essa flor tem espinhos. Que iria machucar. Mas ela não escutou. Plantou e regou o amor. E depois chorou. Mas seu choro não adiantou, só regou ainda mais a flor de amor, que no final das contas brotou só ‘dor’.


Seria tolo pedir para não se cansar de mim, pois é bem provável que se canse. Seria tolo pedir que não desistisse de mim. Você já desistiu. Afastou-se sem hesitar, quebrou meu coração sem ter o mínimo de pena, dó ou misericórdia. Doeu tanto. Pensei que não fosse aguentar, mas meu corpo está aqui, intacto, só alguns cortes e arranhões, mas eu estou em pé. Minha alma que morreu. Foi ela que descolou-se do meu corpo e foi a sua procura. Foi ela que me deixou um vazio… É dela que sinto falta.

5 de janeiro de 2012


Acabou virando tolice tentar encontrar seus trejeitos e suas manias em outra pessoa. Mas eu sempre procuro e nunca acho, é claro. Por que você teve que ser tão diferente? Por que teve que ser tão especial e mexer tanto comigo? E por que teve que partir e deixar suas manias impregnadas em mim? Sei que nunca poderás responder essas minhas perguntas, do mesmo jeito que nunca poderei te sentir novamente em mim, mas eu sei que onde quer que eu esteja estarei pensando em como você foi importante para mim e em quanto você me fez bem. Eu nunca irei te dizer adeus, da mesma forma que nunca irei te perdoar por ter me deixado tão sozinha, mas como um dia eu prometi: você nunca irá me perder e assim será.