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21 de setembro de 2012




Ele  me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala “ah, enjoei, ela era meio sem assunto” e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo “ah, ele não entendeu nada” e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai mas sempre volta.
Ele não era o cara certo. É triste, irritante e perturbador. Mas ele não era. Não abria a porta do carro, achava normal rachar a conta no primeiro encontro e adorava sexo em público. Ele era normal. Nem alto, nem baixo, nem magro e nem gordo. Nem lindo de morrer nem feio de correr. Mas tinha um sorriso de menino travesso e os olhos mais doces do mundo. Só os olhos. E a gente nem tinha muita coisa em comum. Mas também odiava motel barato e gente efusiva. Ele provavelmente não era o cara certo. Não tinha paciência quando eu estava de tpm e não era do tipo romântico. Nunca me deu flores, nunca beijou meu olho ou recitou um poeminha clichê. Nunca nunquinha. Mas sempre beijava minha testa ou o topo da cabeça. Segurava minha mão sempre que dava e tinha os melhores dedos pra fazer cócegas. Ele era meio irresponsável, dirigia sem carta de motorista e xingava velhinhas no trânsito. Mas sempre me poupava das suas grosserias ou daquele cigarro maldito. E coitada de mim se eu fumasse. Ele agia feito meu pai e tirava do sério até minhas amigas virtuais. Não tava nada certo. Ele não era o cara. Minha mãe achava que ele merecia um par de tênis novo e meu pai tinha preconceito com sua cara meio amarrada. Mas eles até gostavam dele. Porque por algum motivo idiota, eu parecia feliz. Eu também odiava seu cabelo todo bagunçado e não era fã daquela sua amiga meio mestiça. Ele não perguntava se tava tudo bem, não fazia questão de ouvir um “eu te amo” todos os dias e não tinha todo o tempo do mundo pra mim. Então, o cara certo com toda certeza não podia habitar o mesmo corpo que ele. Mas ele simplesmente sabia que tava tudo bem ou tudo mal. Ou que eu o amava, todos os dias e sempre um pouco mais. E o pouco tempo que tinha, era meu. Não precisava compartilhar atenção com ninguém. Era eu, ele e sua cachorra ciumenta. E eu também não gostava do seu gênio forte e da sua tendência a fazer burrada na maior parte do tempo. Não gostava do seu perfume enjoativo e nem daquela cueca xadrez. E ele tinha um jeito estranho e inteligível de me acalmar ou me mandar calar a boca. Então, em algum momento, entre as amigas contra e as briguinhas pelo telefone, ele parecia ser o cara. E eu não tô dizendo que sou louca por ele ou que consegui mudar o seu teu jeito meio burrão de ser. Nada disso. Na verdade, eu não ligo se ele bebe mais do que os caras do boteco ali da esquina ou se me dá um bolo às vezes. Eu só não acho que ele possa ser o cara certo ou o errado quando na verdade, ele é o cara


Viva, mas viva certo, faça tudo dentro dos limites do que os outros pensam, do que eles imaginam ser certo, viva pensando no amanha, viva pensando no hoje, viva pensando na novela, viva pensando na quela musica que lembra um amor, ou aquela foto que ta guardada, viva pensando em ser alguma coisa quando crescer, viva pensando na hora de sair de casa, isso, viva igual um robô, igual o sistema faz você viver, casa trabalho, trabalho casa, durma as 22:00 acorde as 8:00..
Viva, mas viva certo, faça tudo que te faz feliz no momento,  do que você imagina ser certo, viva pensando, pensando merda, dando risada, sorrindo, dando bom dia pros seus pais, boa tarde pro cobrador do ônibus, diga boa noite pras bitches, viva esquecendo as fotos velhas, viva atrás de novas musicas, de novas danças, viva dormindo tarde por ver um bom filme, ou por ler um bom livro, viva acordando mais cedo pra uma caminha, ou pra ir ver o sol nascer da janela com alcasuis e chá gelado, viva pra ser o que você quiser ser, viva pro trabalho, pra casa, pra família, pra rua, viva pra sua essência, aquela essência que você sabe qual é, a essência mais malandra que tem, a sua essência, mas nesse momento, apenas viva e deixa aparecer, esse sei jeito malandro e maloqueira de ser.

“— Hm.
— Dois.
— No três você me beija..
— No quatro a gente se pega.”
Frennzy  



11 de setembro de 2012


vou falar bem tua língua, tá?
é como um jogo de futebol, só que não existem times rivais, nem 22 jogadores, existe só eu e você. não tem jogadores reservas e nós temos que aguentar sim o jogo inteiro. Tem muitos passes errados e bolas na trave, mas também há gols, muitos gols. não tem juiz, é a gente que manda, tem torcidas! umas à favor e algumas contra... nesse jogo ninguém sai machucado, não.. as vezes umas lesões, mas nada comparado as alegrias que acontecem na partida. não existem treinos, são chances únicas e não pode errar. vale TUDO mão na bola, falta, desde que no fim o jogo dê certo. não tem dois tempos de 45 minutos, é um tempo que nunca acaba, sem intervalos. por enquanto 388800 minutos, 9 meses. espero conseguir te dar mais alegrias que o Atlético, o que é bem fácil na verdade. amo você. 


ele era um cinturão de Órion. complexo, meio esquisito e totalmente lindo. e quando ele sorria meu coração saltava. Era como se eu quisesse ser o motivo daquele sorriso, mas algo aqui por dentro me dizia que aquele coração já era habitado e eu nunca conseguiria chegar numa parte tão profunda quanto o ‘motivo’ daquele sorriso. Ele era parecido com meu livro de direito constitucional: difícil e quando eu achava que entendia alguma coisa, era a hora do teste prático e eu percebia que ainda estava longe de entender algo. E foi nessas tentativas de agradar que eu me apaixonei. Era o piá mais especial que eu já tinha encontrado, tinha aquele jeito meio engraçado com uma porção de determinação, tinha um sorriso bonito e quando falávamos de futuro os olhos dele brilhavam. Quanto mais eu me aprofundava mais descobria que ainda tinha muito a aprender. E como podia eu gostar tanto de alguém que sequer podia entender? ele era doce e eu tentava ser rude, ele era indeciso e eu sempre soube o que queria, ele era desinibido e eu tinha minha parcela de mistério. Ele era muito monótono ou era eu que exalava eletricidade? como diria a música: conheci um guri que eu já conhecia, de outros carnavais, com outras fantasias. eu tinha aquela mania de querer ser desvendada. um dia era aventureira e no outra bailarina. um dia era princesa e no outro queria ser o dragão. um dia era a feiticeira e no outro era a enfeitiçada. um dia eu o conheci sem fantasia alguma, um dia eu conheci a essência daquele menino, aquele que eu achava que conhecia. 

ele era menos doce do que eu esperava e brincou com meus sentimentos. ele era esperto e caía fora antes que pudesse se machucar. Ele tinha medo de machucar os outros, mas começava relacionamentos que não era capaz de terminar. ele inventava esperanças em algo que nunca pretendia continuar. ele me laçou, me ganhou e me machucou, mas eu ainda queria tentar descobrir todas as outras fantasias. naquele dia que eu o conheci sem fantasia alguma, ele me perdeu. como uma árvore no outono, meu sentimento perdeu a cor. se eu cheguei a dá-lo minha mão para ajudar o caminho mais fácil, naquele dia eu recolhi. esse é realmente o problema de gostar muito das pessoas: inventar qualidades que a pessoa não tem. ele era uma expectativa, mas eu não sabia que expectativas perdem o sentido e a grandeza. o amor nem sempre é bonito, nem sempre é eterno. ela ainda é o guri mais lindo que conheci na vida, ainda vou lembrar-me dele como o garoto que me fez flutuar, vou lembrá-lo também como o garota que me destruiu. eu te recriei, mas a realidade era mais do que eu poderia aguentar. ele era uma constelação e eu era uma luneta pequena. Ou o contrário. Eu dei muito valor a uma peça tão barata.